segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Razões a flor da pele

Eles se pegavam...

Lucia e Alberto viviam se pegando...

Conheceram-se nos idos de 1997. Mas tinham certeza de que suas almas já se conheciam de longa data.

Bastava um encontro, casual ou não. Já estavam se agarrando, se beijando, se devorando.
Colecionavam histórias particulares de transas no escritório, no carro, nos motéis e onde desse vontade.

Não entendiam o que era aquilo, tinham uma energia juntos, algo diferente, mágico, único, só deles. Passava uma semana, um mês ou um ano, não importava, qdo encontravam-se, entregavam-se um ao outro, com intensidade...

Vc pode dizer, normal, um relacionamento baseado no sexo. Amizade colorida tradicional.

Não.

Não era só isso. Eles tinham algo a mais. Davam-se bem, conversavam sobre tudo, combinavam quase com tudo, tinham os mesmo gostos, sentiam a falta um do outro, mas, nunca...Nunca namoraram.


Se auto-nomeavam para quem perguntasse somente como: amigos...

Estranho... Simplesmente...Não tocavam no assunto...Gostavam-se...Conversam de tudo,trocaram confidências que com ninguém mais falariam, conheciam seus mais intímos segredos, mas, nunca falaram em namoro, ou assumir uma relação.
Nem qdo Alberto começou a namorar em 1999. Continuavam a se encontrar. Nada combinado. Não achavam sinceramente que estavam traindo ninguém. Nem comentavam sobre seus “oficiais”. Não zombavam deles, não inventavam desculpas nos relacionamentos para se verem. Tinham a história deles e acostumaram-se a separá-la do resto do mundo.

Seus relacionamentos não duravam...como esse de Alberto em 99 que logo findou-se.


Não era traição, não era safadeza. Assim achavam, de verdade...Não era também uma desculpa para se pegarem...Não sentiam que estavam fazendo nada de errado, ninguém sabia além deles dois somente, Alberto não vangloriava-se para ninguém, Lucia não confidenciava a nenhuma amiga.

Tinham cumplicidade, amizade, do jeito deles...Amavam-se.
Inexplicavelmente, precisavam, necessitavam um do outro, completavam-se.

- Alberto, tenho novidades, estou namorando! – Lúcia deixou um recado no orkut dele.

- Nossa, que legal, fico feliz por vc e espero que ele esteja te tratando bem hein!!

– Ele respondeu sinceramente.

- Precisamos nos ver para por o papo em dia, faz muito tempo que não nós vemos.

– Eles não se viam a bem uns 2 ou 3 anos. - Claro, claro...Quem diria que te encontraria aqui hein!(qdo começaram a amizade não existia o famigerado orkut).

Atualizaram seus telefones e marcaram de se ver.

Não dava certo, nunca combinava as agendas...O tempo passou. Aquela “pegação” acabou...Pensou Alberto.

Ledo engano.

Conseguiram encontrar-se,a mesma energia rolou.

Achavam que com um pouco mais de maturidade, aquele fogo acabaria.

Ledo engano parte 2.

Encontrara-se e deram um abraço de quase meia hora. Sentiram a troca de energia intensa só nesse abraço!

Almoçaram...beberam, conversaram, trocaram carinhos e olhares... e...Motel...sem pestanejar...sem dúvidas...sem encucacações...sem encanações.

Sabiam bem o que queriam e definiam isso apenas com gestos...

Mais uma vez foi ótimo, incrível a sintonia desse quase casal. Convenciam-se de sua amizade...como diz a canção: "então tá combinado, tudo é somente sexo e amizade".

Logo após a entrega Lúcia mandou: – Alberto, essa é nossa última vez!
Como assim? Assustou-se Alberto.
Como eu te falei, estou namorando, só que vamos morar juntos!
Vão casar?
Não...só morar juntos.
Para mim é como se fosse – Alberto não entendia o que estava sentindo. Ciúmes? Nunca tiveram um do outro, pelo menos não declarado, Posse talvez...não sabia..afinal, eles nunca conversam sobre isso, era um pacto, uma regra silenciosa, acordada apenas com os olhos. Regra que sem querer estava sendo quebrada.

Como terminar algo que nunca começou?

Lúcia tb não entendia nada, nem o porque dessa decisão.

Ele me trata bem sim – dizia ela quase que tentando se convencer.

Naquele dia, nada mais foi dito do assunto, como sempre. Entregaram-se mais uma vez um ao outro, com a certeza que era a última, portanto com mais vontade,desejo, tesão, entrega total...

Despediram-se como se o assunto nem tivesse sido dito...

Alberto chegou em casa com a estranha sensação de vazio.

Lucia começou nova vida...com a certeza de que estarão sempre ligados, assim mesmo. Mas que aqueles encontros não aconteceriam mais.

Passaram uns 7 ou 8 meses desse encontro, Alberto conheceu Mônica e engatou um firme namoro, era a mulher dos seus sonhos, doce, carinhosa, compreensiva, gostosa, etc, etc...Era um passo para pensar até em casório, pensava ele.

Pegou o telefone:

– Alô? - Lucia? Oi,Sou eu, Alberto, Tenho novidades, estou namorando!

- Nossa, que legal, fico feliz por vc e espero que ela esteja te tratando bem hein!

- Precisamos nos ver para por o papo em dia, faz muito tempo que não nós vemos...

2 comentários:

Anônimo disse...

Que coisa meio angustiante, não? Isso é real? Bem, entre amigos, há muitas coisas que quem está de fora não entende.

Anônimo disse...

Pois é minha amiga Maria, triste um pouco não?

Quem sabe se é real...pode ser, mas, entre amigos há muitas coisas que ninguém entende mesmo, concordo contigo!

bjs